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O que é Budismo? |
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PARA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
© Ajahn Brahmavamso
Abade do Monastério Budista Bodhinyana (Bodhinyana Buddhist Monastery)
Diretor Espiritual da Sociedade Budista da Austrália Ocidental (Buddhist Society of Western Australia)
Perth, Austrália, abril de 2023
Este livreto pode ser reproduzido sem permissão somente para distribuição gratuita.
Em todos os outros casos, é exigida autorização por escrito do titular dos direitos autorais.
Por mais de 2.500 anos, a religião que conhecemos hoje como Budismo tem sido a principal inspiração em muitas civilizações bem-sucedidas, uma fonte de grandes conquistas culturais e um guia duradouro e importante para o propósito da vida de milhões de pessoas. Hoje, um grande número de homens e mulheres de diversas origens em todo o mundo está seguindo os ensinamentos do Buda. Então, quem foi o Buda e quais são os seus ensinamentos?
O homem que se tornaria o Buda nasceu como Siddhartha Gotama por volta de 2.500 anos atrás, um príncipe de um pequeno território próximo ao que é hoje a fronteira entre Índia e Nepal. Embora ele tenha sido criado em esplêndido conforto, desfrutando do status aristocrático, nenhum prazer material poderia esconder as imperfeições da vida do jovem inusitadamente curioso. Aos 29 anos, ele deixou a riqueza e a família para buscar um significado mais profundo nas florestas isoladas e nas montanhas remotas do nordeste da Índia. Ele estudou com os mais sábios professores religiosos e filósofos de seu tempo, aprendendo tudo o que eles tinham a oferecer, mas eles não puderam fornecer as respostas que ele procurava. Ele então fez um grande esforço no caminho da auto-mortificação, levando essa prática aos extremos do ascetismo, mas ainda sem sucesso.
Então, aos 35 anos, na noite de lua cheia de maio, ele sentou sob os galhos do que hoje é conhecida como a Árvore Bodhi, em um bosque isolado às margens do rio Neranjara, e desenvolveu sua mente em meditação tranquila, profunda e luminosa. Usando a extraordinária clareza de tal mente, com o afiado poder de penetração gerado por estados de profunda quietude interior, ele voltou sua atenção para investigar a verdade da mente, do universo e da vida. Assim, ele experienciou o despertar supremo e, a partir de então, passou a ser conhecido como o Buda, o Desperto.
Seu despertar consistiu no insight mais profundo e abrangente da natureza da mente e de todos os fenômenos. Este despertar não foi uma revelação de algum ser divino, mas uma descoberta feita por conta própria baseada nos níveis mais profundos de meditação e na mais clara experiência da mente. Isso significou que ele estava livre das algemas do desejo, da má vontade e da ilusão, que todas as formas de sofrimento interior haviam sido eliminadas, e que ele havia adquirido uma paz inabalável.
Tendo realizado o objetivo do perfeito despertar, o Buda passou os próximos 45 anos ensinando um caminho que, quando seguido de forma diligente, leva qualquer pessoa, independentemente da raça, classe ou gênero para o mesmo perfeito despertar. Os ensinamentos desse caminho são chamados Dhamma, significando literalmente a natureza de todas as coisas ou a verdade por trás da existência. Está além do escopo deste panfleto apresentar uma descrição completa desses ensinamentos, mas os sete tópicos a seguir dão uma visão geral do que o Buda ensinou.
O Buda advertiu fortemente contra a fé cega e encorajou o caminho da investigação da verdade. Ele apontou o perigo de moldar as próprias crenças com base apenas nos seguintes motivos: boatos, tradição, porque muitos outros dizem que é assim, a autoridade das antigas escrituras, a palavra de um ser sobrenatural, ou por confiança em seus mestres, idosos ou religiosos. Em vez disso, mantemos uma mente aberta e investigamos completamente a própria experiência de vida. Quando alguém vê por si mesmo que uma visão particular concorda tanto com a experiência quanto com a razão e leva à felicidade de todos, então deve aceitar essa visão e viver de acordo com ela!
Este princípio também se aplica aos próprios ensinamentos do Buda. Os ensinamentos devem ser considerados e questionados usando a clareza mental que surge da meditação. À medida que a meditação se aprofunda, a pessoa eventualmente experiencia esses ensinamentos por si mesma com base no insight, e só então isso se torna a verdade pessoal que gera a bem-aventurada libertação.
O praticante no caminho da investigação precisa ser tolerante. Tolerância não significa abraçar todas as ideias ou pontos de vista, mas não ficar com raiva daquilo que não pode aceitar. Mais adiante na jornada, o que inicialmente se discordava pode ser visto como verdade. Assim, no espírito da investigação tolerante, aqui estão alguns dos ensinamentos básicos do Buda.
O principal ensinamento do Buda não se concentra na especulação filosófica sobre um Deus criador ou a origem do universo, nem em alcançar um paraíso eterno. O ensinamento, em vez disso, está centrado na realidade prática do sofrimento humano e na necessidade urgente de encontrar alívio duradouro de todas as formas de descontentamento. O Buda contou uma parábola de um homem atingido por uma flecha envenenada que, antes de aceitar um médico para tratá-lo, primeiro exigiu saber quem atirou a flecha, sua posição social, de onde ele era, que tipo de arco ele usava, do que a flecha era feita… Este homem tolo certamente morreria antes que suas perguntas pudessem ser respondidas. Da mesma forma, disse o Buda, nossa necessidade mais urgente é encontrar um alívio duradouro para o descontentamento recorrente que nos rouba a felicidade e nos deixa em conflito. As especulações filosóficas são de importância secundária e é melhor deixar para depois de treinar a mente na meditação até o estágio em que se tenha a capacidade de examinar a realidade com clareza e ver a verdade por si mesmo.
Assim, o ensinamento central do Buda, em torno do qual todos os seus outros ensinamentos giram, são as quatro nobres verdades:
- Todos os seres, humanos ou não, são atormentados por todos os tipos de decepções, tristezas, desconfortos, ansiedades, etc. Resumindo, eles estão sujeitos ao sofrimento.
- A causa desse sofrimento é o desejo, nascido da ilusão de uma ‘alma’ (veja abaixo, tópico 7).
- O sofrimento tem um fim na experiência do despertar (Nirvana), que é o completo abandono da ilusão da “alma” e o consequente fim do desejo e da má vontade.
- Este despertar pacífico e bem-aventurado é alcançado através de um treinamento gradual, um caminho chamado *caminho do meio* ou *caminho óctuplo*.
Seria um erro rotular esse ensinamento como “pessimista” com base no fato de que começa focando no sofrimento. Em vez disso, o Budismo é “realista” na medida em que enfrenta rigorosamente a verdade dos muitos sofrimentos da vida, e é “otimista” na medida em que mostra um fim definitivo para o problema: Nirvana, despertar nesta mesma vida! Aqueles que alcançaram esta paz definitiva são exemplos inspiradores que demonstram de uma vez por todas que o Budismo está longe de ser pessimista, mas um caminho para a verdadeira felicidade.
O caminho para o fim de todo sofrimento é chamado caminho do meio, porque evita os dois extremos da indulgência sensual e do tormento para si mesmo. Somente quando o corpo está em um conforto razoável, mas não em excesso, a mente tem clareza e força para meditar profundamente e descobrir a verdade. Este caminho do meio consiste no cultivo diligente da virtude, meditação e sabedoria, que são explicados em mais detalhes como o caminho óctuplo:
- Entendimento Correto
- Pensamento Correto
- Linguagem Correta
- Ação Correta
- Modo de Vida Correto
- Esforço Correto
- Atenção Plena Correta
- Quietude Correta
('Correto' no sentido de conduzir à felicidade e ao despertar.)
Linguagem, ação e modo de vida corretos constituem o treinamento na virtude ou moralidade. Para um Budista leigo praticante consiste em manter os cinco preceitos Budistas, que são abster-se de:
- Matar deliberadamente qualquer ser vivo;
- Roubar;
- Má conduta sexual, em particular adultério;
- Mentir;
- Beber álcool e tomar drogas não medicinais que conduzem a um enfraquecimento da atenção plena e do juízo moral.
Esforço correto, atenção plena e quietude corretas referem-se à prática da meditação, que purifica a mente por meio da experiência de estados felizes de tranquilidade interior e capacita a mente a penetrar no sentido da vida por meio de profundos momentos de insight.
Entendimento e pensamento corretos são as manifestações da sabedoria do Buda que acaba com todo sofrimento, transforma a personalidade, e produz serenidade inabalável e compaixão incansável.
De acordo com o Buda, sem aperfeiçoar a prática da virtude é impossível aperfeiçoar a meditação, e sem aperfeiçoar a meditação é impossível chegar ao despertar da sabedoria. Assim, o caminho Budista é gradual, um caminho do meio que consiste em virtude, meditação e sabedoria, explicado no caminho óctuplo e que conduz à felicidade e à libertação.
Karma significa "ação intencional". Segundo a lei do karma, existem resultados inevitáveis de nossas ações intencionais. Existem ações do corpo, da linguagem e da mente que levam ao próprio dano, ao dano dos outros ou ao dano de ambos. Tais ações são chamadas karma “mau” ou “prejudicial”. São ações motivadas pelo desejo, má vontade ou ilusão e, porque trazem resultados dolorosos, não devem ser realizadas.
Há também ações do corpo, da linguagem e da mente que levam ao próprio bem-estar, ao bem-estar dos outros ou ao bem-estar de ambos. Tais ações são chamadas karma “bom” ou “benéfico”. São ações motivadas pela generosidade, compaixão ou sabedoria e, por trazerem resultados benéficos, devem ser feitas com a maior frequência possível.
Os resultados do karma podem ser experienciados aqui e agora. Quando fazemos um ato de bondade ou até mesmo quando pensamos de modo gentil, muitas vezes sentimos como resultado uma sensação de contentamento e felicidade. No entanto, quando fazemos um ato cruel podemos experimentar isso como uma queda na felicidade, uma perda de energia mental e um declínio na atenção plena. Observando cuidadosamente os efeitos sobre nós mesmos de nossas ações intencionais, começamos a entender o funcionamento do karma, e isto nos dá um poderoso incentivo para viver vidas mais saudáveis.
O Buda salientou que nenhum ser, divino ou não, tem o poder de parar as consequências do karma bom e mau. O fato de uma pessoa colher exatamente o que planta dá ao Budista um poderoso incentivo para evitar todas as formas de mau karma e fazer o máximo de bom karma possível.
Embora não se possa escapar dos resultados do mau karma, pode-se diminuir sua severidade. Uma colher de sal misturada em um copo de água torna o copo inteiro muito salgado, enquanto a mesma colher de sal misturada em um lago de água doce dificilmente altera o sabor da água. Da mesma forma, os resultados do mau karma em uma pessoa que pratica habitualmente apenas uma pequena quantidade de bom karma são realmente dolorosos, enquanto o resultado do mesmo mau karma em uma pessoa que habitualmente faz uma grande quantidade de bom karma é sentido apenas levemente.
Esta lei natural do karma torna-se assim uma motivação e uma força por trás da prática Budista da moralidade e compaixão em nossa sociedade.
O Buda lembrava claramente muitas de suas vidas passadas. Ainda hoje há monges e monjas Budistas e outras pessoas que também se lembram de suas vidas passadas. Uma memória tão forte é resultado de uma meditação profunda. Para aqueles que se lembram de suas vidas passadas, o renascimento se torna um fato estabelecido que coloca esta vida em uma perspectiva com significado.
A lei do karma só pode ser entendida pela perspectiva de muitas vidas porque, às vezes, leva esse tempo para que o karma produza seus frutos. Assim, karma e renascimento oferecem uma explicação plausível para as desigualdades de nascimento - porque alguns nascem em uma grande riqueza enquanto outros nascem em uma pobreza patética; por que algumas crianças entram neste mundo saudáveis e com os membros completos, enquanto outras entram no mundo enfermas e deformadas. Os resultados dolorosos do mau karma não devem ser considerados como punição por ações prejudiciais, mas como uma lei que se desenvolve de acordo com princípios naturais. E ao experimentar os efeitos do karma nesta mesma vida, a pessoa aprende sobre o poder da bondade.
O renascimento não ocorre apenas no reino humano. O Buda indicou que o reino dos seres humanos é apenas um entre muitos. Existem muitos reinos celestiais separados e reinos inferiores sombrios também, incluindo o reino dos animais e o reino dos fantasmas. Podemos ir não apenas para qualquer um desses reinos em nossa próxima vida, mas podemos ter vindo de qualquer um desses reinos para nossa vida atual. Isso explica uma objeção comum contra o renascimento: “Como pode haver renascimento quando há 10 vezes mais pessoas vivas hoje do que há um século?” A resposta é que as pessoas vivas hoje vieram de muitos reinos diferentes.
Entender que vamos e voltamos entre diferentes reinos nos dá mais respeito e compaixão pelos seres desses reinos. É improvável, por exemplo, que alguém explore animais quando vê o elo de renascimento que os conecta conosco.
O Buda também apontou que nenhum Deus ou religioso, nem qualquer outro tipo de ser tem o poder de interferir na elaboração do karma de outra pessoa. O Budismo, portanto, ensina os indivíduos a assumir total responsabilidade por si mesmos. Por exemplo, se alguém quer ser rico, seja generoso, confiável e diligente, e se quiser viver em um reino celestial, sempre seja gentil com os outros. Não há Deus a quem pedir favores ou, em outras palavras, não há corrupção possível no funcionamento da lei do karma.
Os Budistas acreditam que um ser supremo criou o universo? Os Budistas primeiro perguntariam a que universo você se refere. Este universo atual desde o momento do 'big bang' até agora é apenas um entre um número incontável na cosmologia Budista. Quando um ciclo do universo termina, outro começa, repetidas vezes, de acordo com uma lei impessoal e sem começo detectável. Um Deus criador é redundante nesse esquema.
Nenhum ser é um salvador supremo, porque deuses, humanos, animais e todos os outros seres estão sujeitos à lei do karma. Até mesmo o Buda não tinha poder para salvar - ele só podia apontar a verdade para os sábios verem por eles mesmos. Todos devem assumir a responsabilidade por seu próprio bem-estar futuro, sendo perigoso delegar essa responsabilidade a qualquer outra pessoa.
O Buda ensinou que não existe ‘alma’, nenhum núcleo essencial e permanente para um ser vivo. Em vez disso, aquilo que chamamos 'ser vivo', humano ou não, pode ser visto apenas como uma união temporária de muitas partes e atividades - quando completo, é chamado 'ser vivo', mas quando as partes se separam e as atividades cessam, não é mais chamado 'ser vivo'. Como um computador composto de muitas partes e atividades, somente quando está completo e executa tarefas coerentes é chamado 'computador', mas quando o computador é desmontado e as atividades cessam, não é mais chamado 'computador'. Nenhum núcleo essencial e permanente pode ser encontrado que possamos realmente chamar 'computador', e também nenhum núcleo essencial e permanente pode ser encontrado em um ser vivo que possamos chamar 'alma'.
No entanto, o renascimento ainda ocorre sem uma 'alma'. Considere esta analogia: em um santuário Budista, uma vela é queimada e está prestes a se apagar. Um monge pega uma vela nova e a acende com a antiga. A vela velha se apaga, mas a vela nova brilha. O que passou da vela velha para a nova? Houve uma ligação causal, mas nenhuma 'coisa' foi transmitida! Da mesma forma, houve uma ligação causal entre sua vida anterior e sua vida atual, mas nenhuma 'alma' atravessou.
De fato, a ilusão de uma 'alma' é dita pelo Buda como a causa raiz de todo sofrimento humano. A ilusão da 'alma' se manifesta como o 'ego'. A função natural e constante do ego é controlar. Grandes egos querem controlar o mundo, os egos medianos tentam controlar seus arredores imediatos da casa, família e local de trabalho, e todos os egos se esforçam em controlar o que consideram ser seu próprio corpo e mente. Tal controle se manifesta como desejo e aversão, e resulta na falta de paz interior e harmonia exterior. É esse ego que busca adquirir posses, manipular os outros e explorar o meio ambiente. Seu objetivo é a própria felicidade, mas invariavelmente produz sofrimento. Esse ego anseia por satisfação, mas experimenta descontentamento. Esse sofrimento profundamente enraizado não pode acabar até enxergar, através de um insight baseado em meditação profunda e poderosa, que a ideia de 'eu e meu' não é mais que uma miragem.
Esses sete tópicos são uma amostra do que o Buda ensinou. Agora, para completar este breve esboço do Budismo, vamos ver como esses ensinamentos são praticados hoje.
Pode-se dizer que existe apenas um tipo de Budismo que é a enorme coleção de ensinamentos originalmente dados pelo Buda. Esses ensinamentos são encontrados no Cânone em Pali, as antigas escrituras do Budismo Theravada, amplamente aceitas como o registro mais antigo e confiável da palavra do Buda. O Budismo Theravada é a religião dominante na Tailândia, Mianmar, Sri Lanka, Camboja e Laos.
Alguns séculos após a morte do Buda, a comunidade monástica começou a se dividir em escolas separadas. Este foi o resultado tanto de diferenças doutrinárias quanto de separação geográfica. Uma dessas escolas foi o Theravada, inicialmente baseado principalmente no Sri Lanka. Outra foi a Sarvastivada, cujo reduto era na Caxemira. Partes significativas das escrituras Sarvastivada foram traduzidas para o chinês e ainda estão disponíveis nesse idioma até os dias atuais. Ao todo, cerca de 20 escolas antigas existiam em várias partes da Índia nos primeiros séculos após o Buda.
Por volta do início da Era Comum, escrituras anteriormente desconhecidas apareceram, tentando justificar a superioridade do Bodhisattva sobre o Arahant. Este novo movimento chamou a si mesmo de Mahayana. Os mahayanistas retiveram os ensinamentos originais do Buda (conhecidos como Agamas ou Nikayas), mas passaram a considerá-los secundários em comparação com as novas interpretações e ideias contidas nas escrituras Mahayana.
O Budismo que se estabeleceu na China, e que ainda é vibrante em Taiwan, reflete o desenvolvimento inicial do Mahayana. Da China, o Mahayana se espalhou para o Vietnã, Coréia e Japão, e um dos resultados foi o surgimento do Zen. O Budismo no Tibete e na Mongólia é um desenvolvimento ainda posterior, geralmente referido como ‘Vajrayana’.
Hoje, o Budismo continua a ganhar uma aceitação cada vez mais ampla em muitos países muito além de seu lar original. Pessoas em todo o mundo, por sua própria escolha cuidadosa, estão adotando os caminhos pacíficos, compassivos e responsáveis do Budismo.
O ensinamento Budista da lei do karma oferece às pessoas um fundamento justo e incorruptível, e uma razão para viver uma vida moral. É fácil ver como uma adoção mais ampla da lei do karma levaria qualquer país a uma sociedade mais forte, solidária e virtuosa.
O ensinamento do renascimento coloca esta nossa curta vida presente em uma perspectiva mais ampla, dando mais significado aos eventos de nascimento e morte. A compreensão do renascimento remove muito da tragédia e luto em torno da morte e volta nossa atenção para a qualidade de uma vida, ao invés de sua mera duração.
Desde o início, a prática da meditação tem sido o cerne do caminho Budista. Hoje, a meditação se torna cada vez mais popular à medida que seus benefícios comprovados para o bem-estar mental e físico estão se tornando mais amplamente conhecidos. Quando se mostra que o estresse é uma das principais causas do sofrimento humano, a tranquilizadora prática da meditação se torna cada vez mais valorizada.
Nosso mundo é muito pequeno e vulnerável para vivermos sozinhos e com raiva. Portanto, a tolerância, o amor e a compaixão são muito importantes. Essas qualidades da mente, essenciais para a felicidade, são desenvolvidas na meditação Budista para então serem colocadas diligentemente em prática na vida cotidiana.
Perdão, generosidade, evitar o mau, compaixão, são as conhecidas "marcas registradas" do Budismo e são dadas livre e amplamente a todos os seres, incluindo animais é claro, e também, mais importante, a si mesmo. Não há lugar para culpa ou ódio de si mesmo no Budismo, nem mesmo lugar para ficar lamentando alguma culpa!
Ensinamentos e práticas como essas são as que trazem qualidades de bondade gentil, serenidade inabalável e sabedoria, identificadas com o Budismo há mais de 25 séculos e extremamente necessárias no mundo de hoje. É esta paz e tolerância, evoluindo a partir de uma filosofia profunda, porém razoável, que torna a mensagem do Buda atemporal e sempre vitalmente relevante.